Criação não tem pausa. Às vezes, ela se esconde no silêncio do quarto ou entre as pausas de um treino. Neste texto eu compartilho como, mesmo nos momentos em que o tempo é curto e a rotina sufoca, o personagem Punk Dog continua vivo em minha mente exigindo espaço, voz e traço. Um desabafo sincero sobre os bastidores emocionais de quem vive para criar.
Tem sido difícil produzir.
E não é por falta de ideias, elas aparecem o tempo todo. Na fila do mercado, no caminho pro trabalho, enquanto lavo a louça ou tento dormir. Punk Dog sussurra (às vezes grita) no meu ouvido: “Ei, tá na hora de voltar a desenhar!”. E eu até ouço. Só não consigo sempre responder.
Entre os dois trabalhos que me mantêm em pé e o ritmo puxado de manter o canal HQ Pixel ativo, com vídeos, roteiros, edição e redes sociais, às vezes parece que o tempo para respirar já vem com boleto incluso. Voltei a ensaiar com a banda. Tento manter o foco nos projetos da Escola de Artes Online. E, no meio de tudo isso, desenhar, que era o refúgio, virou meta apertada na agenda.
Mas ele tá lá.
Na parede do meu trabalho, colado bem na divisória da estação, tá o Punk Dog. Ali, meio debochado, meio desafiador, com aquele skate riscando o ar e o olhar firme, como quem diz: “Você pode até me deixar no papel, mas não vai me apagar”.
E é verdade.
Não quero que isso soe como desculpa pela ausência das tirinhas. É só um desabafo. Uma confissão. Produzir quadrinhos autorais sempre foi mais do que uma atividade criativa, é minha forma de resistir, de contar histórias que eu mesmo gostaria de ler, de rir da rotina, de observar o mundo através do sarcasmo e da rebeldia desse cão punk que criei (ou que me criou?).
A constância talvez seja um luxo. Mas a frequência é uma promessa.
Mesmo que em ritmo mais lento, quero continuar. Uma tirinha aqui, um rascunho ali. Uma ideia anotada na correria do dia. Um quadro rabiscado no intervalo do almoço. E, às vezes, o Punk Dog aparece até entre um treino e outro de karatê, ali, no meio do suor e da concentração, como se dissesse: “Ei, não esquece de mim”.
Porque, no fim das contas, ele também vive nesses momentos roubados, nesses intervalos entre uma tarefa e outra. Ele é parte da bagunça, e também do que me mantém em pé.
Se você acompanha esse projeto, obrigado por ainda estar por aqui.
Se tá chegando agora: seja bem-vinda(o) à selva criativa, meio zoneada, mas cheia de verdade.
A tirinha pode demorar, mas a vontade não passou.
E o Punk Dog segue colado na parede, e na cabeça também.
Não deixe de curtir e comentar o conteúdo por aqui. Vai me deixar bem mais inspirado. É isso, agente se vê no próximo post.
Marcos Antônio
Criador do Punk Dog, mestre dos designs (pelo menos a caneca jura que sim)