Nos últimos anos, o mercado de jogos retrô se tornou um verdadeiro refúgio para os apaixonados por videogames — e, ao mesmo tempo, um desafio para os colecionadores. A nostalgia e o valor histórico desses jogos atraem cada vez mais fãs, mas os preços elevados dos cartuchos originais trazem uma questão importante: até onde vale a pena investir? E como podemos estabelecer limites sem prejudicar o futuro do colecionismo?
A busca por clássicos em suas versões originais é uma jornada emocionante, mas também complexa. À medida que o mercado encarece, a paixão pelo colecionismo enfrenta um dilema: o prazer de ter uma peça autêntica na coleção versus a realidade de pagar preços altíssimos. Esse cenário, embora fascinante, levanta reflexões sobre a sustentabilidade desse hobby tão especial.
Confesso que me vi diante desse dilema recentemente. Depois de muita leitura e de ouvir várias vozes da comunidade, achei que seria interessante trazer essa conversa para cá. Afinal, o HQ Pixel também é um espaço para refletir sobre essas questões. Vamos pensar juntos?
Vamos começar pelo preço. por que estão tão altos?
De uns tempos pra cá, está cada vez mais difícil encontrar jogos, principalmente para consoles populares mais antigos como o Mega Drive e Super Nintendo. Quando encontramos aquele clássico que marcou nossa infância ou adolescência somos, na maioria das vezes, frustrados com o valor. Acreditem, encontrei jogos desses dois consoles que ultrapassam a faixa de R$ 500,00. Muito mais que o valor do próprio console.
O aumento nos preços dos jogos retrô não é coincidência e na tentativa de entender essa crescente nos preços vamos pensar em alguns fatores-chave podem talvez explicar essa valorização:
A demanda vem crescendo com o renascimento do interesse pelos anos 80 e 90: Mais pessoas estão buscando os jogos que marcaram suas infâncias. Muitos colecionadores e até mesmo gamers adultos que não puderam ter acesso a esses jogos quando crianças agora buscam trazer para suas coleções os itens que foram alvo de suas expectativas décadas atrás.
Estoque limitado e jogos sumindo: A grande maioria desses jogos deixaram de ser produzidos há décadas e como muitos cartuchos não são mais fabricados, a oferta não acompanha a demanda. Sem contar que muitos sofrem a ação do tempo e deixam de funcionar.
Especulação de mercado: Alguns revendedores e leilões online inflacionam os preços, tratando os jogos como itens de investimento, não apenas de entretenimento. Se esses itens interessassem apenas a colecionadores e amantes de jogos, talvez os preços não fossem tão altos. Mas muitos que não gostam dos videogames e nem colecionam compram os jogos e esperam o mercado ficar escasso pra depois vende-los a preços muito alto.
Esses fatores tornam o cenário desafiador para quem quer colecionar sem gastar fortunas e isso vem fazendo com que nós, amantes dos games tomemos decisões de limitar nossa coleção ou partir para outras alternativas como eu falo no próximo tópico. Diante desse cenário, muitos colecionadores buscam alternativas para manter o hobby acessível.
Alternativas: cartuchos paralelos e reimpressões
Diante dos preços altíssimos, muitos colecionadores têm optado por cartuchos paralelos ou até mesmo relabels e/ou Repros. Essas alternativas oferecem uma experiência semelhante a um custo muito menor. Porém, há algumas considerações:
Prós: Acessibilidade, menor impacto financeiro e a possibilidade de jogar títulos raros que seriam inacessíveis.
Contras: Perda do valor de autenticidade e, em alguns casos, problemas de qualidade ou incompatibilidade com o hardware original.
Essa escolha depende do perfil e dos objetivos do colecionador: preservar a experiência original ou simplesmente curtir os jogos? Eu pessoalmente não quero apenas ter itens na coleção. Quero antes de mais nada, ter os jogos que gosto. Quando possível, vou adquirir os originais, mas se quero um determinado jogo, e não encontrar, ou se o preço estiver exorbitante, é claro que vou buscar outra alternativa para ter o jogo na estante e disponível para minha diversão, sempre que eu quiser matar a saudade.
O Dilema: qualidade vs. acessibilidade
A decisão entre investir em itens originais ou buscar alternativas mais acessíveis é pessoal e varia conforme a prioridade de cada um. Se o objetivo é uma coleção fiel, os cartuchos originais são indispensáveis. No entanto, se o foco está na jogabilidade, talvez as versões paralelas ou até as versões Relabel (jogos originais com case ou rótulo reimpressos) ou Repros (placa original com chip reprogramado com outro jogo) sejam uma opção viável.
O ponto central é encontrar um equilíbrio entre o desejo de manter uma coleção autêntica e a realidade financeira. Definir limites evita frustrações e mantém o hobby prazeroso. Eu por exemplo, determinei uma meta para minha coleção de games. Além dos jogos tem também os consoles, dos quais faltam apenas 3 para completar minha meta. Dentre minha coleção de consoles, somente 3 deles pretendo comprar jogos para a coleção, os quais eu tenho metas para cada um, priorizando os originais, mas sem preciosismo, pois prefiro uma opção alternativa do que não ter o jogo ou ter que pagar um absurdo em um título.
Dicas práticas para colecionadores responsáveis
Defina um orçamento: Estabeleça um limite mensal ou anual para compras, considerando o custo-benefício de cada aquisição. Acredite, não definir uma meta ou não seguir a que você já tem, pode fazer com que seu hobby se torne um problema. Crie uma lista dos itens que pretende adquirir, anote os valores e vá de acordo com suas possibilidades e não extrapole. Comprar por impulso pode deixar você endividado e no futuro ter itens supérfluos e encalhados.
Priorize títulos essenciais: Foque em jogos que marcaram sua trajetória ou têm maior valor sentimental. Essa prioridade pode ser muito útil e faz com que você compre somente aqueles itens que são indispensáveis em sua coleção
Considere remasterizações: Muitas franquias clássicas são relançadas com melhorias gráficas e de jogabilidade. Existem também os jogos reprogramados que são boas opções.
Pesquise bem antes de comprar: Compare preços, busque avaliações e evite compras por impulso conforme eu disse antes.
Acompanhe o mercado: Esteja atento a promoções, feiras de trocas e grupos de colecionadores, onde é possível encontrar boas oportunidades. Pesquise em várias plataformas de venda como Mercado Livre, Shopee, OLX, Facebook e grupos de whatsapp.
O Futuro do colecionismo
O colecionismo de jogos retrô é uma maneira poderosa de preservar a história dos videogames. No entanto, para que essa cultura se mantenha viva e acessível, é essencial que os colecionadores reflitam sobre suas práticas. Estabelecer limites e considerar alternativas não significa desvalorizar a experiência, mas sim garantir que ela seja sustentável e inclusiva para as próximas gerações.
Não tente pautar sua coleção pela coleção de outros gamers colecionadores que você vê na internet, pois cada um é cada um. Faça uma coleção autêntica, de acordo com seu gosto, com suas possibilidades e tá tudo bem. Eu mesmo já disse várias vezes que o HQ Pixel tem uma coleção modesta e assim será. Os títulos que tenho já são o suficiente para eu jogar pelo resto da vida, ficando assim para adquirir apenas alguns títulos para poucos consoles. O restante, eu vou de Everdrive (cartucho multijogos para alguns consoles) e está ótimo.
E aí, qual é a sua opinião sobre esse dilema? Já enfrentou algo parecido? Como equilibra a paixão pelo colecionismo com a realidade financeira? Ajude a construir uma comunidade de colecionadores mais consciente! Compartilhe nos comentários! Obrigado por dedicar um pouco do seu tempo na leitura desse texto e volte sempre que possível.
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Tchau e até o próximo post.
Marcos Antônio
HQ Pixel.art